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00:00 – História
Mundo Atual: Nova República Brasileira
Professor: Renato Pellizzari
00:15 Vamos falar sobre a Nova República Brasileira, sobre a América Latina contemporânea,
de uma forma geral, e sobre o fim da Guerra Fria, o mundo atual.
00:20 O que vai marcar para gente o governo Sarney? Na verdade, são duas coisas muito
importantes. A primeira: É o grande vilão brasileiro nesse momento. O Brasil vive na
década de 80 o que a gente chama de década perdida. É importante lembrar que é uma
década perdida economicamente falando, devido ao desgaste, a grande inflação, ao endividamento
externo exorbitante que vem desde o período JK, principalmente, e que foi multiplicado
durante o milagre econômico brasileiro.
00:50 Perfeito! Então agora o nosso grande problema é a chamada estagflação, é a
estagnação econômica e a hiper inflação. Essa hiper inflação vai ser o grande fantasma
do povo brasileiro.
01:15 Então, o primeiro grande momento do governo Sarney é quando é criado o chamado
Plano Cruzado. O que é o Plano Cruzado? Era um projeto, uma mudança de moeda, com corte
de zeros e congelamento, uma tentativa de controle dos preços por parte do governo.
Todos esses projetos, todos esses planos econômicos que vão acontecer até o Plano Real, são
considerados planos de tratamento de choque na economia. Eles não criam efetivamente
um sistema capaz de impedir a desvalorização da moeda brasileira. Então, assim como os
demais planos não vão funcionar, o Plano Cruzado também não funcionou. Depois de
um pequeno momento de euforia da população, das fiscais do Sarney, do controle dos supermercados,
o desabastecimento acabou sendo a marca do Plano Cruzado, e o governo é obrigado a admitir
o fracasso do plano. Isso, pelo menos, garantiu uma vitoria eleitoral para o PMDB incrível
na história, e, por outro lado, acabou com a popularidade do José Sarney.
02:10 E o que vai marcar ainda, além do "grande" Plano Cruzado, é a criação da nossa nova
constituição, a constituição atual, a constituição de 1988, chamada de constituição
cidadã. Aquela que garante a democracia no país, garante a inviolabilidade do direito
de habeas corpus, cria uma forma de alicerce para impedir uma nova ditadura no Brasil,
transforma o racismo em um crime inafiançável e garante o direito dos índios e dos quilombolas.
Então essa constituição para gente é, sem dúvida nenhuma, um marco na tentativa
de reconstrução da democracia brasileira.
02:50 Em 1989 teremos a eleição direta de um presidente. Desde 1960 o Brasil não elegia
diretamente um presidente, e, em uma bastante conturbada eleição onde no segundo turno
teremos aí uma disputa entre Luiz Inácio Lula do Silva, o candidato do PT (Partido
dos Trabalhadores), líder dos operários, contra o representante da Rede Globo, representante
dos empresários, daqueles que temiam os trabalhadores, Fernando Collor de Mello. Collor acaba sendo
eleito presidente para um governo também bastante conturbado que vai durar apenas dois
anos. Collor vai se envolver numa série de escândalos de corrupção, além de criar
um plano econômico, o Plano Collor, para tentar conter a mal fadada inflação, que
também foi fracassado. Com tamanhos escândalos de corrupção de seu governo, Collor vai
sofrer o processo de impeachment em 1992, onde os estudantes, em uma manifestação
semelhante aquela que foi vista nas Diretas Já, pintam os rostos e vão as ruas pedindo
o impeachment, o impedimento do presidente. Collor vai renunciar, no entanto, o processo
de impeachment é continuado e ele é afastado das possibilidades de se candidatar por oito
anos. Tem seus mandatos e possibilidades caçadas, ou seja, ele se torna inelegível.
04:15 Pois bem, quem assume no seu lugar é o vice presidente Itamar Franco, o presidente
pão de queijo, aquele que vai levar com bastante tranqüilidade esses últimos anos de governo.
E quem vai ter um destaque muito grande nesse sentido vai ser o seu ministro da fazenda,
o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, que vai ser, digamos, o pai do Plano Real, responsável
pelo controle efetivo da inflação no Brasil.
04:50 O Plano Real é bastante interessante no sentido de controlar a inflação, porém
não é um plano desenvolvimentista. É um plano, inclusive, devido a alta dos juros,
que gera bastante dificuldade em fazer o país crescer economicamente. Então, o neoliberalismo,
que é a marca do governo Fernando Henrique, e que na verdade teria sido iniciado com Fernando
Collor de Mello, mas que quem levou a cabo, de fato, a política de privatizações, de
redução de gastos públicos, de retirada do estado, ou seja, o modelo neoliberal, foi
Fernando Henrique Cardoso, e isso tudo acabou tendo um efeito colateral bastante negativo.
A diminuição das empresas privadas, a diminuição, por exemplo, dos empregos, a falência de
empresas nacionais devido a entrada barateada dos produtos estrangeiros e, obviamente, a
crise da infraestrutura – educação, saúde, moradia. Então, depois de oito anos de uma
era FHC, porque, é claro, com o sucesso do Plano Real o Fernando Henrique Cardoso não
só vai ser eleito presidente, como vai ser reeleito quatro anos depois, ficando oito
anos no poder. Essa era FHC, embora tenha gerado estabilidade econômica para o país,
deixou uma defasagem muito grande em infraestrutura e na questão social.
06:00 O desemprego galopante abre espaço para ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva,
que vai ficar oito anos na presidência, como presidente do PT. Esses oitos anos serão
marcados por um grande crescimento nas questões sociais, uma diminuição da linha de miséria
do país, inchaço da classe média, graças, principalmente, aos planos de ajuda a essa
população. O Fome Zero, o plano de auxilio as famílias pobres, e assim por diante. É
claro que hoje há um grande debate em relação a como esse país cresceu. A estabilidade
gerada por FHC e a continuidade por parte do governo Lula talvez seja a melhor explicação
para os melhores momentos que o Brasil tem vivido nos últimos anos.