Existe um corredor da morte para idiomas,
e nele há três mil prisioneiros.
Nos Estados Unidos, nós perdemos 55 línguas desde 1997.
E temos mais 170 em risco de extinção.
Mundialmente, perdemos uma língua a cada duas semanas.
Quando perdemos essas línguas,
nós perdemos séculos de arte, música, história, cultura e ciência.
Quando companhias farmacêuticas precisam ir a lugares como a Amazônia,
elas têm de conseguir se comunicar nas línguas indígenas
dos nativos que usam e que vêm usando essas plantas medicinais por séculos.
Muitas dessas plantas não têm nomes nos principais idiomas mundiais como o inglês.
Se deixarmos essas três mil línguas serem extintas,
estaremos pondo em risco nossas próprias vidas,
pois falar um idioma pode salvar sua vida.
Eu estou coproduzindo um documentário chamado "Saved by Language",
acerca de um menino Sefardita Bósnio que salvou a própria vida no Holocausto,
porque ele sabia falar o idioma ladino ou judeu-espanhol.
Uma das formas pelas quais o ladino está sendo mantido vivo é através da música.
Todos sabemos como é a sensação de ouvir canções da nossa infância.
Nós lembramos exatamente onde estávamos,
e como nos sentimos quando as ouvimos pela primeira vez,
mas talvez não nos lembremos do que estava na nossa lista de compras de ontem.
Isto é porque a música nos afeta emocionalmente,
mas ela também ativa mais áreas no nosso cérebro do que a linguagem.
Logo, se você ouvir algo com uma melodia,
você vai lembrar da letra mais facilmente do que se apenas a lesse num livro.
Meu primeiro idioma foi o russo,
e eu aprendi a ler e escrever em russo antes do inglês.
Mas vou lhes contar algo um pouco constrangedor:
eu tenho dificuldades em falar o alfabeto russo. Por quê?
Eu nunca aprendi a música do alfabeto em russo. (Risadas) Sim.
E aposto que alguns de vocês...
mas não vou pedir que levantem a mão pois pode ser constrangedor...
vocês às vezes precisam cantar
♫ ABCDEFG ♫ (Risadas) é...
para conseguir dizer o alfabeto.
Algumas pessoas levantaram as mãos. Que ótimo!
Eu falo oito línguas.
E eu não aprendi essas línguas apenas lendo um livro de gramática,
porque livros de gramática me dão sono.
Eu uso música.
E agora estou usando músicas para aprender ladino.
(Cantando em ladino)
"Vá procurar outro amor. Bata em outras portas.
Torça por outra paixão.
Pois, para mim, você morreu. (Risadas)
Até mais, meu amor. (Risadas)
Acabou."
Quando eu aprendi esse verso,
aprendi a palavra "ajarvar",
que em ladino quer dizer "bater".
Se tivesse lido isso num livro,
provavelmente não lembraria.
Empresas como Sesame Street e Schoolhouse Rock
foram bem-sucedidas em pôr conteúdo educacional em músicas.
Por quê? Porque eles sabem que vai grudar na nossa cabeça.
Logo, nós podemos começar a manter esses idiomas ameaçados vivos,
aprendendo canções nesses outros idiomas.
E podemos gravar pessoas que falem esses idiomas.
Podemos gravá-las cantando e falando nesses idiomas
e encontrar alguém que seja bilíngue para transcrever e traduzir.
Mas não vamos parar por aí.
Temos de aprender línguas modernas também.
Quando falamos outra língua, fazemos nosso cérebro trabalhar de forma diferente.
Temos de pensar de forma diferente.
E, dessa forma, talvez até possamos prevenir um início precoce de demência.
Importante, não?
E também podemos melhorar nossa capacidade de tomada de decisão rápida.
Empresas nos Estados Unidos pagam mais a bilíngues
que possam lidar com os 20% de lares americanos
que falam outro idioma em casa além do inglês.
A economia britânica perde de 11 a 26 bilhões de dólares por ano,
porque eles não têm falantes de línguas estrangeiras o suficiente
para ajudar empresas britânicas a exportar.
Agora, nós temos escolas bilíngues em toda parte nos Estados Unidos.
Cada vez mais americanos estão ouvindo músicas em inglês e em espanhol,
porque existem cantores como Mark Anthony e Shakira cantando em ambas as línguas.
E provavelmente todos aqui ouviram aquela música coreana, Gangnam Style?
(Risadas) Sim!
Aquela música tem inspirado pessoas a aprender coreano.
Você quer libertar três mil prisioneiros
do corredor da morte dos idiomas?
Você quer melhorar a saúde do seu cérebro e do seu bolso?
Cante, baby, cante!
(Aplausos)
Obrigada.