O limite de débito é meio que uma bonba financeira de destruição em massa amarrada aos Estados Unidos
pelo governo dos Estados Unidos.
Confuso? Então é hora para de destrinchar o limite de débito dos Estados Unidos.
Para entender o limite de débito você precisa entender que os EUA dividem a responsabilidade financeira entre
o presidente e o congresso.
O presidente tem duas tarefas no que concerne ao dinheiro:
1. Coletar impostos e... 2. Gastar estes impostos para fazer o governo funcionar.
Isso pode te passar a impressão que o presidente, no que diz respeito ao dinheiro, é o todo-poderoso
Especialmente quando você ouve as notícias de que 'o novo pacote de investimento do precidente' ou o plano dele de 'aumentar
impostos nas camisas ou 'baixar impostos no setor de apicultura'.
Mas a realidade é bem diferente e o presidente é aquele que recebe as ordens.
De quem?
Do Congresso.
O Congresso tem as funções de ajustar os níveis de impostos e determinar quanto o governo gastará,
escrevendo um orçamento.
Então, enquanto o presidente pode submeter orçamentos à aprovação do congresso e pedir mudanças
nos níveis de impostos, esses são apenas pedidos que o Congresso não precisa dar atenção
se não quiser.
O Congresso pode por e tirar qualquer item que quiser do orçamento do presidente ou simplesmente descartá-lo
por completo e escrever um novo. O mesmo para os impostos.
Então o congresso decide o que quer: pontes, tanques, prédios, tribunais, robôs em Marte,
robos na Terra, Parques Nacionais, tanto faz e aprova um orçamento com todas essas coisas incluídas.
Uma vez aprovado, o presidente é obrigado por lei a gastar o dinheiro que o Congresso determinou
no orçamento e a pagar por isso usando os impostos que o Congresso determinou.
Enquanto mais impostos entram do que os gastos levam o dinheiro embora, tudo corre bem.
Mas quase sempre o Congresso coloca mais itens no orçamento do que pode ser coberto pelos impostos,
o que significa que o presidente precisa pedir dinheiro emprestado para cobrir a diferença.
Na maioria dos países a história termina aqui, ja que se a legislatura aprovou um gasto maior
que a entrada de impostos, implicitamente fica aprovado o empréstimo necessário -- mas não
nos EUA. Aqui o Congresso *também* limita o quanto de dívida os Estados Unidos podem
ter.
Um limite de dívida parece uma boa ideia até você perceber as consequências no mundo real desses
dois braços de interação governamental.
Quando a quantidade emprestada chega perto do limite, o Congresso normalmente aponta
para o presidente e age como se estivesse chocado, *chocado* que os gastos excessivos dele estão levando para muito perto
do limite da dívida que eles, razoáveis e prudentes congressistas determinaram.
E enquanto está tecnicamente correto que o presidente pediu esse dinheiro emprestado, o Congresso
o forçou a fazer isso, aprovando um orçamento que o presidente é legalmente obrigado a cumprir
sem necessáriamente aprovar os impostos necessários para cobrir os gastos.
Com isso, o limite da dívida é basicamente a versão governamental daquela brincadeira:
'pare de bater em si mesmo', exceto pela adição de medo à platéia.
Ness momento é importante salientar que o aumento do limite da dívida não é sobre gastos futuros -- não é um
cartão de crédito com o qual o limite vai ser aumentado para que a festa do governo possa começar
-- o aumento do limite da dívida tem haver com o pagamento de dívidas já contraídas.
Exemplo: o governo contrata uma companhia para repavimentar uma rodovia federal. Mas se os EUA
alcançaram o limite do débito, quando a companhia pede seu pagamento ao fim da obra, o
governo não pode efetuá-lo. Isso estremesse a confiança nos EUA e visto que grandes porções da economia mundial
dependem da confiança no dolar, mexer com isso é um grande problema.
Mas existe uma saída: o Congresso pode aumentar o limite da dívida, já que depois do susto que eles criam,
isso sempre tem de ser feito.
Então.. se não aumentar o limite é potencialmente desastroso e a solução é simples
e sempre é realizada, *por que essa discussão leva meses?*
O motivo: politica.
O limite da dívida não está na constituição. O Congresso o criou e, do ponto de vista
deles, o limite de débito é incrível, já que:
1. Ele cria um problema pelo qual.. 2. O Congresso pode (tecnicamente) reclamar do
presidente que.. 3. Precisa de uma solução que só eles podem dar.
O Congresso costuma usar a armadinha de destruição mútua como motivo de discussões
em que eles se beneficiam até o último.. segundo .. possível..